Os atrativos históricos e turísticos de Jequitibá

O caminho desbravado pelo bandeirante Fernão Dias Paes Leme, que em 21 de julho de 1674 deixou a Província de São Paulo com 600 homens, além do filho Garcia Rodrigo Paes e diversos familiares, encontrou nas Minas Gerais uma terra fértil, banhada pelo Rio das Velhas, registrou, assim como bandeiras que o antecederam, uma região que se tornou, nos dias de hoje, motivo de orgulho para mineiros e brasileiros: o Santíssimo Sacramento da Barra do Jequitibá (Lei Provincial nº 757, de 2 de maio de 1856), conforme  relata José Vitor Hanacek Filho em seu livro “Jequitibá – Uma saga, uma história” .

MAPA DE HALFED E WAGNER PUBLICADO NA ALEMANHA 1862

Mapa de Halfed e Wagner, publicado na Alemanha em 1862

JEQUITIBÁ MAPA ANTIGO

Jequitibá, 2020. Na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, o titular da pasta José Raimundo de Oliveira Alves recorda e destaca os valores que fazem deste paraíso a Capital Mineira do Folclore e terra onde vários atrativos compõem o cenário histórico, artístico e cultural do município administrado pelo prefeito Humberto Reis há oito anos seguidos, a concluir em dezembro deste ano. Liberdade e cultura: são os elementos que fazem Jequitibá respirar ares diferentes de outras paragens.

O secretário de Cultura e Turismo de Jequitibá, José Raimundo de Oliveira Alves (Foto: Caio Pcheco/Ascom Prefeitura de Jequitibá)

O secretário de Cultura e Turismo de Jequitibá, José Raimundo de Oliveira Alves (Foto: Caio Pacheco/Ascom Prefeitura de Jequitibá)

Afinal, quais são os atrativos turísticos na visão do secretário de Cultura José Raimundo?

“A Capela de Nossa Senhora do Rosário, construída no ano de 1887, foi renovada anos depois. Neste ano foi instituído o Conselho da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, que ministrava a renda da Capela juntamente com o Estado porque funcionava junto à Freguesia do Estado”, informa. “A sua história é marcada pelas festas de Nossa Senhora do Rosário, as folias do Divino onde recebem, até hoje, muitos grupos folclóricos, barracas de comidas variadas, leilões. Hoje também é reconhecida como um dos atrativos turísticos de Jequitibá pela Lei Orgânica Municipal”, ressalta.

Capela do Rosário (Arquivo Prefeitura de Jequitibá)

Capela do Rosário (Arquivo Prefeitura de Jequitibá)

Mais antiga ainda “é a Matriz do Santíssimo Sacramento de Jequitibá, “construída em 1788”, aponta José Raimundo. “Nessa época a Igreja Católica era sempre predominante. As autoridades daquela época mandaram construí-la também com mão de obra escrava”, registra.

De acordo com o secretário de Cultura e Turismo de Jequitibá, à frente da Matriz havia, originariamente, “ um cruzeiro em detalhes da crucificação de Cristo como padroeiro de Jequitibá.”

José Raimundo guarda muitas lembranças de seu tempo de juventude e de como eram os hábitos religiosos. “Não é da minha época, mas contam que as missas eram celebradas pelos padres que ficavam de costas para o povo. Rezavam em latim. Graças a Deus não alcancei isso”, diz, aliviado.

Igreja do Santíssimo Sagrado de Jequitibá, bem tombado pelo Iepha (Foto: Luis Gustavo/Prefeitura de Jequitibá)

Igreja do Santíssimo Sacramento de Jequitibá, bem tombado pelo Iepha (Foto: Luis Gustavo/Prefeitura de Jequitibá)

Ainda nos tempos do Brasil Colônia, foi construído o Cemitério. Hoje, conhecido como as Ruínas do Cemitério Velho. “ Foi construído no ano de 1798. Seria ali um cemitério, a princípio, para enterrar escravos. Ou seja, os pobres, porque os ricos eram enterrados na Igreja”, afirma o secretário de Cultura.

Cemitério Velho, construído com mão de obra escrava (Foto: Luis Gustavo/Prefeitura de Jequitibá)

Cemitério Velho, construído com mão de obra escrava (Foto: Luis Gustavo/Prefeitura de Jequitibá)

Mas quando o mundo se viu diante da gripe espanhola (início do século XX, chegou ao Brasil em 1918), “foram enterrados muitos corpos ali, em carros de boi carregando corpos. Depois foram criadas catacumbas importantes  e chegou-se a enterrar ricos. Essas catacumbas foram construídas com mão de obra escrava”, registra José Raimundo.

Segundo ele, ao centro existia a Capela da Santíssima Trindade, que depois foi retirada e vendida. “Ainda hoje lutamos para fazer o tombamento das ruínas juntamente ao Iepha (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais). Temos o tombamento municipal. Por sua história, o Cemitério Velho foi também reconhecido como ponto atrativo turístico de Jequitibá”, afirma.

Por outro lado, os olhos do secretário brilham quando recorda-se de sua época. “ Mas posso dizer do que ali vivi nos anos 1970 para cá, grandes maravilhas dentro da Matriz. Não é uma igreja tão grande , mas por dentro é muito rica em detalhes”, orgulha-se.

Na Matriz, conta o secretário, “havia muitas imagens, pinturas interessantes, os altares-mores com sua graciosidade, a chegada da nave, uma obra incrível que retrata a construção de Jequitibá”, recorda. E para ter ainda mais felicidade da cidade em que nasceu, cresceu e constituiu família, o secretário afirma: “é uma honra para a cidade ter um padroeiro o Deus vivo, o Santíssimo Sacramento no altar.”

José Raimundo mantém viva na memória afetiva que a Matriz é também marcada por seu jubileu, que sempre foi uma das maiores festas da região, recebendo fiéis das cidades vizinhas e até da Capital. “Viva o Santíssimo Sacramento!”, proclama.

Ilha do Castelinho (Foto: Caio Pacheco/Ascom Prefeitura de Jequitibá)

Ilha do Castelinho (Foto: Caio Pacheco/Ascom Prefeitura de Jequitibá)

No coração da cidade – A Ilha do Castelinho, construída em 1978 na Lagoa Pedro Saturnino, foi o primeiro ponto turístico de Jequitibá, recorda o atual secretário de Cultura e Turismo. “Boa época, tempo muito bom, me lembro bem em minha juventude”, frisa. No final dos anos 70, conta José Raimundo, “íamos dançar na boate, tinha local apropriado para todos: jovens, adolescentes, adultos”, observa. Atento, relembra que “a frequência de pessoas não era só de Jequitibá”, completa.

“ Todos os domingos tínhamos o destino certo, a Ilha do Castelinho. A partir do ano de 2016 tornou-se também atrativo turístico oficial de Jequitibá. Que saudades daquele tempo”, revela o secretário ao citar e lembrar seus tempos de juventude.

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